Qual é o limite da defesa? Uma pergunta cujas respostas são difíceis, complexas. Muitos não sabem opinar até ficarem diante de situações que abrem o debate sobre defesa e desrespeito ao próximo.
Plenitude de defesa e dignidade humana, por Túlio Magno.
Na última semana, a mídia divulgou amplamente o comportamento de um advogado que durante um Tribunal do Júri simulou uma esganadura em sua colega de profissão. O vídeo da atitude do profissional assustou e causou comoção.
A atitude, diga-se injustificada, tinha como objetivo provar a inocência do seu cliente. No entanto, de nada adiantou, diante da condenação de seu cliente há mais de 30 anos de prisão.
Nesse contexto, é essencial refletirmos sobre a linha tênue entre os direitos envolvidos no caso.
É certo o direito do profissional em buscar a demonstrar a sua tese de defesa, em favor do seu cliente. Entretanto, a imagem da sua colega de profissão deveria ter sido preservada, assim como o direito da família da outra parte de se deparar com a encenação de um ato extremamente violento capaz de ter levado a vida de seu parente.
Afinal, deveriam, os operadores do Direito, saber que comportamentos teatrais são típicos do júri.
Contudo, os tempos mudaram: as cenas vivenciadas nos tribunais agora podem ser vistas e discutidas pela sociedade que antes ficava à margem dessas informações.
Assim, de repente, estamos aqui discutindo até onde um profissional deve ir para proteger aquele que contrata os seus serviços.
Sabemos que a dignidade da pessoa humana, tida como um direito fundamental, deve ser sob qualquer hipótese colocada como prioridade em todas as nossas escolhas, inclusive no caminho de busca de defesa para o outro. Palavras, gestos, comportamentos, decisões devem ser tomados sempre levando como princípio o respeito.
Túlio Magno
Advogado
Plenitude de defesa e dignidade humana.
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Conteúdo original: https://mais.opovo.com.br/jornal/opiniao/2021/07/04/tulio-magno–plenitude-de-defesa-e-a-dignidade-humana.html